Coldbox – problemas na produção?

 Defeitos típicos de sopro à esquerda e de gasagem à direita.  Defeitos típicos de sopro à esquerda e de gasagem à direita.

Defeitos típicos de sopro à esquerda e de gasagem à direita. Defeitos típicos de sopro à esquerda e de gasagem à direita.

O processo de produção de moldes e machos via coldbox se tornou extremamente popular. O sopro de um granulado coberto por um filme de resina dentro de uma ferramenta e sua “cura” é uma ótima solução, por ser capaz de produzir machos e moldes complexos de excelente qualidade e com produtividade.

Mas a complexidade do processo pode ser desafiadora. Não é tarefa fácil entender o comportamento deste granulado e depois a atuação do catalisador. Em geral, as fundições convivem com situações mistas de problemas de sopro e gasagem, tais como:

  • baixa compactação,
  • machos incompletos,
  • excesso de uso do catalisador,
  • longos tempos de gasagem.

Partir de um bom equipamento (máquina e ferramenta) e boas matérias primas (areia, resina e catalisador) é fundamental. Para produzir bons machos de forma eficiente é necessária uma boa mistura da areia com a resina. Neste quesito, os misturadores a batelada são mais eficientes que os contínuos. Além do melhor recobrimento temos uma redução da quebra dos grãos e formação de finos. Sistemas eficientes de sopro e gasagem são necessários para entregar o ar na quantidade e temperatura corretas.

Embora estas condições sejam necessárias para alcançar eficiência, elas não são suficientes para garantir o resultado, por que existe uma forte dependência de projeto e processo.

A produção em coldbox possui duas fases distintas: o sopro e a gasagem (lavagem). Para atingir uma boa eficiência de processo é necessário projetar corretamente os pontos de sopro e os respiros (vents). Definição incorreta destes aumentam as perdas e reduzem a produtividade. O projeto incorreto pode facilmente aumentar o tempo de gasagem de 15 para 45 segundos, acabando com a produtividade da máquina. O excesso de pontos de sopro, assim como de respiros impactam diretamente no resultado.

Um dos motivos que contribui para a dificuldade na eficiência do processo é que existe, frequentemente, um conflito entre os requisitos de sopro e gasagem. Ou seja, o que pode é bom para o sopro, pode não ser para a gasagem, e vice versa. Então como chegar a um bom resultado?

A forma adequada é testar várias alternativas identificando os pontos críticos. Neste caso não basta somente quantificar o “ruim”, mas é necessário compreender por que ela gerou problemas. Somente assim é possível criar alternativas para melhorar. Senão a definição vai ser um jogo de “atirar para todos os lados”, e contar com a sorte para acertar. Não é por acaso que encontramos muitas situações de longos ciclos de gasagem e alto consumo de resina e catalisador.

No caso da falha de sopro, em geral, ela precisa ser corrigida ou então amenizada com atividades que não agregam valor, como a aplicação de uma massa no local da falha. Mas estes problemas muitas vezes escondem um problema posterior: qual é o efeito de um macho problemático e excesso de resina na produção das peças fundidas?

Mas como identificar projetos e processos eficientes e eficazes? Em geral, estes são marcados por algumas características:

  • Baixa pressão de sopro (menor que 4 bar, em geral em torno de 3 bar)
  • Alta compactação da areia em todas as regiões
  • Baixo consumo de resina: < 0,5% para cada parte (< 1% no total)
  • Baixo consumo de catalisador: < 1 ml de TEA para cada kg de areia
  • Tempo curto de gasagem (lavagem)

É claro que existe uma dependência direta destes parâmetros com a complexidade da geometria e restrições de projeto. Condições de produção mais complexas precisam de um pequeno aumento na pressão de sopro, assim como um equilíbrio sutil entre sopro e gasagem. Por outro lado, soprar todos os machos sempre com pressões acima de 5 bar é uma indicação de deficiências.

Uma boa forma de desenvolver projeto e processo é usando a simulação de sopro de macho. O caso a seguir demonstra o potencial.

O macho foi modificado a partir de um sistema de produção manual, em mesa gasadora, com dois machos: bipartido e colado. Veja a situação inicial na foto a seguir.

Situação inicial do Macho produzido em mesa gasadora

Situação inicial do Macho produzido em mesa gasadora

Opções de produção do macho com distintas configurações

Opções de produção do macho com distintas configurações

Foram avaliadas opções de enchimento por um ou dois pontos, na posição normal e invertida, diversos alívios internos, entre outras. Avaliar todas estas opções na prática seria inviável. Não haveria tempo e o custo seria altíssimo. Entretanto, a simulação permite estudar as situações, e mais importante, compreender as restrições que cada situação impõe, em detalhes, no sopro e na gasagem.

Como fruto deste desenvolvimento (e acúmulo de conhecimento) a condição final de produção pode ser vista a seguir. O mais interessante é que o primeiro macho desta máquina saiu perfeitamente são:

Primeiro macho soprado pela máquina

Primeiro macho soprado pela máquina

Mas como o objetivo é eficiência e eficácia, o processo foi explorado ao limite. A próxima imagem demonstra esta situação, com o início de uma falha de gasagem (seta amarela). Nesta condição do desenvolvimento, este macho de 23,5kg já podia ser produzido com sopro de 3 bar e uma gasagem de 25s e 23 ml de TEA (< 1ml TEA / kg areia).

Macho demonstrando o início de uma falha de gasagem.

Macho demonstrando o início de uma falha de gasagem.

Uma nova interação foi realizada para aumentar a eficiência da gasagem. O projeto foi levemente alterado, incluindo alguns respiros (vents) adicionais, pode ser visto a seguir:

Alteração do projeto com adição de respiros (vents)

Alteração do projeto com adição de respiros (vents)

A otimização adicional permitiu uma redução adicional do tempo da gasagem de 25s para 19s e do consumo de catalisador de 23ml para 19ml ( 0,83ml TEA / kg areia) por macho. O sucesso do desenvolvimento pode ser visualizado no macho perfeito abaixo:

Macho sem o defeito de gasagem e com tempo reduzido.

Macho sem o defeito de gasagem e com tempo reduzido.

Resumindo, um macho de 23,5 Kg de areia (33% de redução) com tempo de gasagem de 19s e 0,83 ml de TEA para cada kg de macho, representam um sucesso para o cliente!

O meio ambiente e o bolso agradecem!

A MAGMA Brasil agradece a Automatic Foundry Solutions e a Fundição Venâncio Aires pela permissão de compartilhamento do caso.